16/04/2019

A religião grega tradicional


Link curto pra esta postagem: materialismo.net/religiao-grega


É simplória a historiografia que faz de Tales de Mileto o primeiro filósofo do Ocidente. Uma reflexão filosófica encorpada sempre fez parte da religião grega tradicional. Com muita lucidez, Robert Parker, uma das maiores autoridades contemporâneas no assunto, equipara as obras de William Paley aos argumentos produzidos por poetas como Homero, Píndaro e Sófocles. (1) Não que se trate de uma metafísica idêntica à de Paley: os deuses gregos provêm da matéria acéfala. No entanto, eles são a causa de todos os demais fenômenos. O mundo é semelhante a um rio que brota da matéria impensante e deságua como um caudal de atos teleológicos; tudo se passa como se os deuses fossem alienígenas oriundos da seleção natural darwiniana. Consequentemente, os teólogos naturais da estirpe de Homero julgam provar a existência de uma teleologia derivada, a qual tem raízes na noite da matéria. (2)

Há alguns anos, quando o ateu militante Christopher Hitchens foi diagnosticado com câncer no esôfago, muitos religiosos, regozijando-se, não perderam a oportunidade de falar em punição divina. Em resposta, Hitchens, que rejeitou o consolo da religião até o fim, apontou o caráter indiscriminado das ocorrências de cânceres e assim traçou, em negativo, uma constrição empírica que poderia favorecer a alegação dos religiosos: “Se você sustenta que deus concede cânceres sob medida, também tem de levar em conta o número de crianças com leucemia. Muita gente devota morreu jovem e com dor”. (3) Está desenhado aqui, em negativo, um quadro hipotético em que somente os ímpios são acometidos por cânceres.

Tais raciocínios filosóficos são tão antigos quanto a capacidade de raciocinar. Os adeptos da religião grega tradicional, homens que uma historiografia preconceituosa deseja relegar ao limbo da irracionalidade, estavam imersos em teorizações estruturalmente idênticas à de Hitchens. Homero e seus pares viam design em determinadas sequências de eventos do mundo humano. Ao constatar a existência de um nexo entre a impiedade e a desgraça, o pai de Ulisses exclama: “Zeus Pai, vós, os deuses, ainda existis deveras no alto Olimpo, se realmente os pretendentes sofreram o castigo de sua desabusada insolência”. (4) Na religião grega tradicional, como explica Parker, “A maior evidência [...] de que os deuses existem é o fato de que a piedade funciona”. (5)

Terremotos, tempestades, raios, inundações, secas, epidemias: pensava-se que tais fenômenos expressavam o descontentamento e a ira dos deuses. Em contrapartida, a brandura do tempo, a estabilidade da terra e a prosperidade das plantações eram vinculadas à prática zelosa de sacrifícios.

Assim, não admira que a ascensão do cristianismo na Antiguidade tenha sido encarada pelos pagãos como uma espécie de teste científico das alegações religiosas. Havia na época de Agostinho um provérbio popular que condensava o aspecto filosófico da religião grega tradicional: “Se não chove, a causa são os cristãos” (Pluvia defit, causa Christiani). (6) A supressão dos sacrifícios tradicionais foi considerada, inclusive, a causa de uma calamidade devastadora, o saque de Roma por Alarico, rei dos visigodos, em 410. (7)

Os pagãos da época de Agostinho raciocinavam cientificamente sobre o sentido da existência, e não raciocinavam mal, ainda que estivessem afastados da verdade. Há filósofos idôneos que julgam que Auschwitz foi uma refutação empírica do teísmo. De acordo com Theodor Adorno, “O terremoto de Lisboa foi suficiente para curar Voltaire da teodiceia de Leibniz, e o desastre visível da primeira natureza foi insignificante em comparação com o segundo, o desastre social que desafia a imaginação enquanto destila um inferno real a partir da maldade humana”. (8)

Há uma versão especial do argumento do desígnio, que eu chamo de “versão providencialista”. Ela não diz respeito às adaptações biológicas e nem ao suposto fine-tuning (ajuste fino) das constantes cosmológicas, mas a sequências de eventos humanos, eventos que podem ser históricos ou ter um significado mais restrito. Ela já foi muito popular entre os teólogos naturais, mas hoje no mundo acadêmico as versões biológica (design inteligente) e cosmológica (argumento do fine-tuning) são bem mais prestigiadas. (9)

Por algum motivo que me escapa, e que pode muito bem ser meramente psicológico, a engenhosa estrutura dos organismos não causava espécie num Homero, a não ser quando se julgava haver evidências de que a irrupção de uma adaptação biológica estava teleologicamente associada a um evento do mundo humano. Isolado de outro ou de outros eventos, o carneiro unicórnio que nasceu numa fazenda de Péricles não demanda uma explicação teleológica; ele não é mais maravilhoso do que Afrodite, a deusa que emergiu, sem design inteligente, do pênis decepado de Céu. Porém, considerado como um presságio da unificação dos partidos políticos de Péricles e de Tucídides, o mesmo carneiro passa a ser visto como uma obra dos deuses, ou seja, como um organismo adaptado a comunicar aos homens uma mensagem. (10)

A versão providencialista do argumento do desígnio, baseada na observação de sequências de eventos humanos, já existia nas sociedades pré-históricas. O homem primitivo realizava testes empíricos rudimentares, imaginando que os fenômenos naturais resultavam da conduta para com os deuses; a escassez de caça, por exemplo, era atribuída a transgressões. (11) Afirmo sem pejo que a cosmovisão do homem primitivo era filosófica; custa-me entender como uma associação entre a água e os fenômenos vitais, que valeu a Tales o título de fundador da filosofia ocidental, possa ser intrinsecamente mais filosófica do que uma associação entre a impiedade e a carestia. Além disso, havia desde o início a possibilidade de que alguma versão do argumento do mal pesasse contra a crença religiosa. Tal argumento aparece em negativo na crença de que o comportamento humano está atrelado a uma resposta adequada dos deuses. (12)

Seja como for, o argumento providencialista do desígnio tornou-se mais sofisticado nas mãos dos adeptos da religião grega tradicional, identificando-se com o tipo de raciocínio empírico que, hoje, costuma ser empregado na filosofia da religião. Sem perder o vínculo com a essência da teologia natural pré-histórica, Heródoto relata algumas anedotas que chegam a impressionar. Com efeito, Heródoto descreve certas constrições empíricas que reduzem a vagueza das evidências aduzidas por um Homero. Há, por exemplo, um episódio em que, nas palavras do historiador, “a mão de Deus manifestou-se do modo mais evidente”. (13) Certa feita, depois de assassinarem dois emissários persas e de presenciarem augúrios que anunciavam a ira de Taltíbio, padroeiro dos emissários, os espartanos concluem que somente um sacrifício vicário poderia expiar o crime. Enviam então à Pérsia dois emissários como bodes expiatórios. Xerxes, recusando-se a cometer um crime análogo, despacha os dois espartanos. O que ocorre então, na visão de Heródoto, e tenho de admitir que seu raciocínio não é inteiramente ruim, é um fenômeno que constringe cabalmente o âmbito das explicações plausíveis. Muitos anos depois, durante a guerra do Peloponeso, os filhos dos espartanos poupados por Xerxes vão à Ásia como emissários. Traídos no caminho, são mandados para Atenas e executados.

A “suma teológica” propiciada por esse tipo de argumentação não era vultosa: por meio da razão desassistida, o adepto da religião tradicional podia saber apenas que os fenômenos eram imediatamente causados por inteligências sobre-humanas que reagiam ao comportamento humano. Havia também os oráculos, que forneciam revelações sobre o futuro e sobre o modo correto de oferecer sacrifícios, e os videntes. Considerando-se tais fontes de informação, resulta claro que as práticas ritualísticas não eram informadas por um conjunto volumoso de crenças.

Os gregos, contudo, dispunham também de um vasto sortimento de mitos. É verdade que os relatos mitológicos constituíam o elemento móvel da religião grega, já que nunca houve a obrigação de os abraçar como dogmas. Não havia escrituras sagradas na Grécia antiga. Ainda assim, seria má estratégia tentar extirpar a religião tradicional de um núcleo duro de noções mitológicas que, embora destituído de caráter dogmático, não deixava de ser um componente orgânico de uma cosmovisão. O adepto da religião tradicional não se achegava do altar com a mente livre de um acervo de concepções mitológicas. (14) E o mais interessante é que esse acervo incluía crenças relativas à origem do mundo e dos deuses.

Heródoto sintetiza da seguinte maneira a relação entre a religião e o mito:

De onde cada deus surgiu, se todos eles sempre existiram, que forma eles tinham – tais coisas eram completamente ignoradas pelos gregos até anteontem, por assim dizer. Com efeito, Homero e Hesíodo foram os primeiros a compor teogonias, a dar aos deuses seus epítetos, a conceder a cada um seu cargo e sua ocupação, e a descrever suas formas. (15)

Antes desses poetas os cultos já eram praticados, sem dúvida, e os teólogos naturais, os oráculos e os videntes abriam uma fresta para a contemplação do mundo dos deuses. Homero e Hesíodo, no entanto, enriqueceram o ideário religioso com o desnudamento da natureza divina.

A teogonia de Hesíodo é uma ontologia materialista. A matéria, no caso, são o desejo sexual e a fisiologia reprodutiva dos deuses. De acordo com Stephen Scully, “O mais perto que o mito grego [de Hesíodo] chega de propor o design inteligente é com a figura de Eros, mas o desejo sexual e o destino biológico têm pouco a ver com a intenção consciente”. (16)

A tese de Scully é fortalecida pelo fato de que, fora da esfera da teogonia, a irracionalidade é efetivamente um elemento constitutivo do modo como os gregos representavam o comportamento de seus deuses. Assim como os homens, os deuses frequentemente agem de modo irrefletido, como forças cegas da natureza. Há um pareamento, portanto, entre a metafísica sexualista de Hesíodo, que desempenha a função de uma explicação das origens, e a existência ocasional (e indubitável, para quem já percorreu as páginas dos poemas homéricos) de irracionalidade na região da teleologia derivada.

Os deuses hesiódicos originam-se de causas ininteligentes. Em alguns casos, o surgimento de um deus é aparentemente tão imotivado quanto um evento quântico: Terra, uma das deusas primordiais, simplesmente brota do caos, uma realidade que, em Hesíodo, é definida como um grande espaço vazio (ainda não estamos na época de Ovídio, o poeta cosmogônico que concebeu o caos como uma matéria confusa). Os outros deuses, em sua maioria, provêm de relações sexuais análogas às humanas.

É de se notar que o caráter materialista da teogonia hesiódica não existiria sem o evolucionismo. Adstrita à partenogênese e a relações endogâmicas com seus próprios descendentes, Terra tira de si mesma uma progenitura bastante diversificada: de seu útero saem entes geológicos, monstros e criaturas marcadamente antropomórficas. Subsiste, no entanto, alguma ambiguidade aparente, que pode ser dissipada por meio do exame da vizinhança intelectual de Hesíodo. Pergunta-se, com efeito, se a teogonia hesiódica seria realmente um processo evolutivo. Na hipótese alternativa considera-se que os deuses apenas reproduzem características pré-existentes, e que, portanto, o plano corporal mais destoante estava abrigado como uma boneca russa no corpo de Terra. Esta hipótese não é materialista, pois é possível argumentar que o corpo de Terra seria portador de uma teleologia irredutível, e que seus descendentes nada mais fariam do que copiar uma estrutura teleológica primitiva. Sem a emergência de novidades autênticas, portanto, não haveria materialismo.

O fato, no entanto, é que a hipótese evolucionista é a mais abonada pelo testemunho das cercanias intelectuais de Hesíodo. Hecateu de Mileto relata que Oresteu, filho de Deucalião, teve uma cadela que pariu uma videira. (17) Anaximandro, por seu turno, faz o primeiro homem emergir do ventre de um peixe. (18) Em ambos os casos, exemplos de generatio in utero heterogeneo, não é plausível que os rebentos preexistissem à maturidade reprodutiva de seus genitores. Consequentemente, por que diríamos que a teogonia de Hesíodo é semelhante à abertura de uma matriosca?

Diante do fato de que Hesíodo nos brinda com copiosas informações sobre a origem dos deuses, uma pergunta que naturalmente surge é: como ele obteve tais informações? Poucas questões dão origem a mais equívocos. No entanto, o poeta dá uma resposta muito simples no proêmio da Teogonia: a canção sobre o nascimento dos deuses foi inspirada pelas Musas. (19)

A confusão é inerente a uma visão desnaturada e pasteurizada da relação entre o mito e a filosofia. Aprenderam por ouvir dizer, e hoje repetem à exaustão, que a filosofia é essencialmente contrária ao mito. Ora, tomando-se a alegação de Hesíodo por seu valor de face, cairiam no maior embaraço aqueles que, com base no mesmo princípio, procurassem justificar a impugnação do conteúdo de uma suposta mensagem alienígena.

Num belo dia, alienígenas visitam a Terra e nos informam que um planeta da constelação de Aquário é habitado por formas de vida baseadas no elemento silício. De fato, não se trata de uma proposição filosófica, pois a razão natural não tem parte alguma em sua construção. No entanto, alguém diria que a revelação feita pelos alienígenas é necessariamente contrária à filosofia? Embora o mito não seja filosofia, não há uma oposição a priori entre ambos, assim como não há uma oposição a priori entre a revelação judaico-cristã e a filosofia. O que ocorreu a partir de Tales foi que o conteúdo específico dos mitos até então existentes passou a ser visto como deficitário à luz da razão e da experiência.

Creio já ter dito o suficiente para uma apreciação adequada das noções que compuseram o primeiro raiar da razão ocidental. De um lado, havia uma teologia natural; do outro, uma mitologia. A imagem de mundo formada por ambas é saturada de teleologia; a segunda também descreve, contudo, o fundamento último e irracional do mundo. Em síntese, a religião grega tradicional, que já traz em seu bojo a reflexão filosófica, apresenta uma curiosa mescla de teísmo e materialismo. Estão delineadas, assim, as crenças com que se defrontarão os críticos gregos da teleologia.


Bibliografia

ADORNO, T. W. Negative Dialectics. Nova York: Continuum, 2007.

AGOSTINHO. The Works of Aurelius Augustine. Vol. I. The City of God. Edimburgo: T. & T. Clark, 1871.

BERTELLI, L. Hecataeus: From Genealogy to Historiography. In: LURAGHI, N. (Ed.). The Historian’s Craft in the Age of Herodotus. Oxford: Oxford University Press, 2001.

CRAIG, W. L.; SINOTT-ARMSTRONG, W. God? A Debate between a Christian and an Atheist. Nova York: Oxford, 2004.

EURÍPIDES. The Greek Tragic Theatre. Vol. V. Londres: John Walker, 1809.

HERÓDOTO. The History. Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1952.

HESÍODO. Teogonia. São Paulo: Hedra, 2013.

HITCHENS, C. Últimas palavras. São Paulo: Globo, 2012.

HOMERO. Odisseia. São Paulo: Cultrix, 2006.

KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. The Presocratic Philosophers. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

PAINE, T. Common Sense. Filadélfia: 1776.

PALEY, W. Natural Theology. Nova York: Harper & Brothers, 1842.

PARKER, R. On Greek Religion. Ithaca: Cornell University Press, 2011.

PLUTARCO. Lives. Londres: Thomas Tegg, 1828.

SCULLY, S. Hesiod’s Theogony: From Near Eastern Creation Myths to Paradise Lost. Oxford: Oxford University Press, 2015.

VOLTAIRE. Cândido. São Paulo: Planeta DeAgostini, 2003.

WRIGHT, R. The Evolution of God. Nova York: Little, Brown and Company, 2009.


Notas (Clique pra voltar ao texto)

(1) On Greek Religion, p. 2.

(2) Na teoria dos astronautas antigos, proposta por autores como Erich von Däniken e Zecharia Sitchin, alienígenas são os designers inteligentes da espécie humana. Admitindo-se que essa teoria seja verdadeira, os criadores da humanidade poderiam, decerto, resultar da seleção natural que ocorreu em outro planeta. Ao mesmo tempo, as características do ser humano poderiam recusar a explicação darwiniana. Não há incompatibilidade lógica entre as duas teses. Como observou Darwin, bastaria que o homem “fosse feito de latão ou de ferro, e não se conectasse a nenhum outro organismo que já tenha existido”. Cf. Carta a Asa Gray, 17 de setembro de 1861. Disponível nesta página. Acesso em: 29 mar. 2019. De fato, nós, que realmente proviemos da seleção natural, poderíamos, em princípio, criar artificialmente novas formas de vida, e seria muito estranho se optássemos por forjar homologias e órgãos vestigiais para simular um processo evolutivo, sobretudo se os organismos criados fossem incapazes de raciocinar sobre a simulação.

(3) Últimas palavras, pp. 23-24.

(4) Odisseia, Canto XXIV, p. 284.

(5) On Greek Religion, p. 3.

(6) The City of God, Livro II, cap. 3, p. 50.

(7) Ibid., Livro I, cap. I, pp. 2-3.

(8) Negative Dialectics, p. 361.

(9) A estrutura do olho humano é o exemplo mais famoso de conformação natural em que se viu a presença de design inteligente. Numa passagem exaustivamente citada, Paley compara o olho humano a um telescópio, instrumento que, embora menos complexo do que o órgão a que ele se acopla, ninguém atribuiria ao poder formador do acaso. Cf. Natural Theology, cap. 3. A versão providencialista do argumento do desígnio põe, por assim dizer, uma sequência de eventos humanos no lugar do olho minuciosamente projetado; em vez de uma lente, de uma íris e de uma retina finamente ajustadas, temos um encadeamento inteligente de eventos. Trata-se de um lugar-comum filosófico. Agostinho vê a mão de Deus no fato de que, contrariamente ao costume bélico, os cristãos foram poupados durante o saque de Roma de 410 (cf. The City of God, Livro I, cap. I, pp. 2-3); Thomas Paine observa que “A Reforma foi precedida pela descoberta da América, como se o Onipotente graciosamente pretendesse abrir um santuário para os perseguidos dos anos futuros” (cf. Common Sense, p. 40); Pangloss explica que, “se Colombo não tivesse apanhado numa ilha da América a doença terrível que envenena a fonte geradora [i.e. sífilis], que chega mesmo a impedir a geração, e que evidentemente se opõe à grande finalidade da Natureza, nós não teríamos nem o chocolate, nem a cochonilha” (cf. VOLTAIRE, Cândido, pp. 44-45); William Craig serve-se da teoria do caos para sustentar que, assim como o bater das asas de uma borboleta na África pode gerar um furacão no oceano Atlântico, uma criança que morre de leucemia pode ser a causa de um benefício que se manifesta depois de séculos (cf. A Debate between a Christian and an Atheist, p. 117); para findar essa pequena lista com um exemplo particularmente jocoso, acrescento que, após o incêndio que destruiu grande parte do Museu Nacional do Brasil em 2 de setembro de 2018, um precioso fóssil de samambaia foi encontrado dentro de uma rocha que se partiu sob a ação do calor. Disponível nesta página. Acesso em: 29 mar. 2019.

(10) PLUTARCO, Lives, cap. IX, p. 115.

(11) Os inuítes acreditam que, quando um membro da comunidade comete uma infração, a deusa do mar retém as focas e outros animais de caça. Cf. R. WRIGHT, The Evolution of God, pp. 22-23.

(12) A primeira formulação explícita do argumento do mal data do século 5 a.C. No Belerofonte, uma tragédia perdida de Eurípides, o personagem-título fundamenta seu ateísmo no fato de que, não raro, os injustos prosperam e os justos são oprimidos: “Conheci cidadezinhas, que reverenciavam os deuses, sujeitadas a um poder injusto, vencidas por lanças mais numerosas”. Cf. The Greek Tragic Theatre, p. 343.

(13) The History, Livro VII, cap. 137, p. 238.

(14) R. PARKER, On Greek Religion, pp. 32-33.

(15) The History, Livro II, cap. 53, p. 60.

(16) Hesiod’s Theogony: From Near Eastern Creation Myths to Paradise Lost, p. 25.

(17) Apud L. BERTELLI, Hecataeus: From Genealogy to Historiography. In: N. LURAGHI (ed.), The Historian’s Craft in the Age of Herodotus, p. 85.

(18) PSEUDO-PLUTARCO apud G. S. KIRK, J. E. RAVEN e M. SCHOFIELD, The Presocratic Philosophers, p. 140.

(19) Teogonia, pp. 30 e 32.



Nenhum comentário:

Postar um comentário